Not​í​vago

by Ensimesmamento

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1.
Como amônia Que preserva a parcimônia A maldita chacota vindoura Da ferida que como qualquer outra Sangra inerte Pulsa e fere À pele, à alma Como a certeza De que partiremos Assim nascemos Sabendo que iremos morrer E desse mal conceber A vontade de viver Doendo a quem doer Pontes indestrutíveis se fazem presentes Ao coração duvidoso A terra maldita, um logradouro De dor e desolação Pois não outrora alguma maneira Da dor não ser verdadeira Por isso te digo Por esse sussurro fenecido A verdade não a outra! Todos nós iremos! Enquanto nos esquecemos Que viver é sofrer E disso conceber algum aprendizado Sem mais chorar ou soslaio Apenas um lamento Não podemos evitar a lástima Até conceber o erro O erro que podemos repetir Desse lamento De jazer em vida! E se deixar partir Se render ao momento...
2.
Deus se existir que me perdoe Mas hoje eu permaneço insone Pela tristeza que é um açoite E a leviandade que me consome Será que terei que morrer para fazer falta? Eu concretizo essa tamanha blasfêmia De concatenar a dor amena Que se prolonga e exaspera Essa certeza feia e grotesca Será que viver vale mesmo a pena? Eu não me doo pelo enfado Apenas me mesmerizo do certo fato De que o remorso é o mais bem amado Do que qualquer um que tenha estimado Na balança da vida, o arrependimento é mais pesado Meu grande feito em vida, minha marca na vida Foi talvez ter a certeza de nunca ter amado Dessa doença da qual me enfado Para sempre ressentido e ensimesmado É melhor perder do que nunca ter amado? É melhor perder do que nunca ter amado!
3.
É o que dita nossas vidas Você acha que isso é alegria? São só hormônios e euforia Todo dia, todo dia O enfado exila e rumina A mesma velha apatia O que será de mim esse dia? Todo dia, todo dia Buscando um pouco de harmonia Dias vem e dias vão E é sempre o mesmo seco sermão Amplificando a solidão Ao peito alterca desunião Da mente e corpo um arranhão Á ponta dos pés, sofreguidão E de mim o que seria?? Todo dia, todo dia!! A mesma tristeza que irradia Lufando de meus pulmões, desvencilha A mesma, mesma agonia A mesma falta de empatia! A fome eterna que rutila Brilha sem medo, pois é sombria Alterca-me uma saída Talvez a outro plano de vida E a ambição, a ambição! Espremo com aptidão Pois é eloquente o pesar Do constante mal estar Viver é como sempre negar Os tons secos de fel e ardor!
4.
Um vitupério sobre lealdade Só para reafirmar essa disparidade Entre mim e você Um aspecto de maldade Imbui a sonoridade Do quão amargo é afirmar isso Fomos tão próximos sim Unha e carne Fomos mais que amigos sim Pele na pele À cerne do certame final Da volúpia de entrega e corresponder O desejo e o ensejo Agora um ciclo termina Para outro começar E a nós mesmos altercar A pura responsabilidade De ter de discernir Nossa pura lealdade O que é que temos agora? Reles animosidade Nunca mais será Aquilo que já foi Nunca mais será Aquilo que compôs Fomos aviltados Parte a parte, mutilados E o sangue dessa derrama apagou a chama Nunca mais será! Entrementes o desejo presente De redarguir o tempo gasto Desse fúnebre esculápio Que nos veste em rutilante luto Brilhoso como as estrelas As estrelas que já morreram E só presenciamos O reflexo de suas mortes Sequer posso chamar de abismo A distância que nos separa Esse mal que nos acomoda Um miasma mortificante Sinto-me tão errante Aqui sem poder te alcançar Queria apenas te tocar Mas me dói tanto sequer olhar E pensar no que éramos antes Confidentes e próximos amantes Isso tempo algum irá reparar Como uma orquídea parasitando meu peito Essa flor floresce À minha carne estremece Me titubeia e entristece Nunca mais nos veremos...
5.
Notívago 05:09
Sejam bem vindos a eterna madrugada da alma Onde toda desesperança se ressalva Onde cada motivo se torna torpe e mata As vontades dispendiosas de questionar o viver Viver p'ra quê? Eu não escolhi ter de discernir Nunca quis ter de descobrir As diversas razões de se vivificar o óbvio Viver de ter que se arrastar em ócio Por muito se atribuir ossos de ofício Eu vivo de estar desinibido É como ter que viver após o solstício Após o fim derradeiro do precipício Na pior das desesperanças eu retifico Quando os dias são escuros; poucos são os amigos E por isso me mortifico Sigo eternamente insone e incansável a titubear Sinto tremer minhas carnes, um pleno mal estar De uma sobriedade prolongada que é um auspício De tanto olhar e mitigar o precipício O abismo agora é comigo Carrego ele em meu olhar

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released September 6, 2019

Artwork by Camila Schnabel Zerbini.

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