1. |
Sussurro Fenecido
05:46
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Como amônia
Que preserva a parcimônia
A maldita chacota vindoura
Da ferida que como qualquer outra
Sangra inerte
Pulsa e fere
À pele, à alma
Como a certeza
De que partiremos
Assim nascemos
Sabendo que iremos morrer
E desse mal conceber
A vontade de viver
Doendo a quem doer
Pontes indestrutíveis se fazem presentes
Ao coração duvidoso
A terra maldita, um logradouro
De dor e desolação
Pois não outrora alguma maneira
Da dor não ser verdadeira
Por isso te digo
Por esse sussurro fenecido
A verdade não a outra!
Todos nós iremos!
Enquanto nos esquecemos
Que viver é sofrer
E disso conceber algum aprendizado
Sem mais chorar ou soslaio
Apenas um lamento
Não podemos evitar a lástima
Até conceber o erro
O erro que podemos repetir
Desse lamento
De jazer em vida!
E se deixar partir
Se render ao momento...
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2. |
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Deus se existir que me perdoe
Mas hoje eu permaneço insone
Pela tristeza que é um açoite
E a leviandade que me consome
Será que terei que morrer para fazer falta?
Eu concretizo essa tamanha blasfêmia
De concatenar a dor amena
Que se prolonga e exaspera
Essa certeza feia e grotesca
Será que viver vale mesmo a pena?
Eu não me doo pelo enfado
Apenas me mesmerizo do certo fato
De que o remorso é o mais bem amado
Do que qualquer um que tenha estimado
Na balança da vida, o arrependimento é mais pesado
Meu grande feito em vida, minha marca na vida
Foi talvez ter a certeza de nunca ter amado
Dessa doença da qual me enfado
Para sempre ressentido e ensimesmado
É melhor perder do que nunca ter amado?
É melhor perder do que nunca ter amado!
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3. |
Dopamina Serotonina
05:54
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É o que dita nossas vidas
Você acha que isso é alegria?
São só hormônios e euforia
Todo dia, todo dia
O enfado exila e rumina
A mesma velha apatia
O que será de mim esse dia?
Todo dia, todo dia
Buscando um pouco de harmonia
Dias vem e dias vão
E é sempre o mesmo seco sermão
Amplificando a solidão
Ao peito alterca desunião
Da mente e corpo um arranhão
Á ponta dos pés, sofreguidão
E de mim o que seria??
Todo dia, todo dia!!
A mesma tristeza que irradia
Lufando de meus pulmões, desvencilha
A mesma, mesma agonia
A mesma falta de empatia!
A fome eterna que rutila
Brilha sem medo, pois é sombria
Alterca-me uma saída
Talvez a outro plano de vida
E a ambição, a ambição!
Espremo com aptidão
Pois é eloquente o pesar
Do constante mal estar
Viver é como sempre negar
Os tons secos de fel e ardor!
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4. |
Cósmica Disparidade
10:58
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Um vitupério sobre lealdade
Só para reafirmar essa disparidade
Entre mim e você
Um aspecto de maldade
Imbui a sonoridade
Do quão amargo é afirmar isso
Fomos tão próximos sim
Unha e carne
Fomos mais que amigos sim
Pele na pele
À cerne do certame final
Da volúpia de entrega e corresponder
O desejo e o ensejo
Agora um ciclo termina
Para outro começar
E a nós mesmos altercar
A pura responsabilidade
De ter de discernir
Nossa pura lealdade
O que é que temos agora?
Reles animosidade
Nunca mais será
Aquilo que já foi
Nunca mais será
Aquilo que compôs
Fomos aviltados
Parte a parte, mutilados
E o sangue dessa derrama
apagou a chama
Nunca mais será!
Entrementes o desejo presente
De redarguir o tempo gasto
Desse fúnebre esculápio
Que nos veste em rutilante luto
Brilhoso como as estrelas
As estrelas que já morreram
E só presenciamos
O reflexo de suas mortes
Sequer posso chamar de abismo
A distância que nos separa
Esse mal que nos acomoda
Um miasma mortificante
Sinto-me tão errante
Aqui sem poder te alcançar
Queria apenas te tocar
Mas me dói tanto sequer olhar
E pensar no que éramos antes
Confidentes e próximos amantes
Isso tempo algum irá reparar
Como uma orquídea parasitando meu peito
Essa flor floresce
À minha carne estremece
Me titubeia e entristece
Nunca mais nos veremos...
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5. |
Notívago
05:09
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Sejam bem vindos a eterna madrugada da alma
Onde toda desesperança se ressalva
Onde cada motivo se torna torpe e mata
As vontades dispendiosas de questionar o viver
Viver p'ra quê?
Eu não escolhi ter de discernir
Nunca quis ter de descobrir
As diversas razões de se vivificar o óbvio
Viver de ter que se arrastar em ócio
Por muito se atribuir ossos de ofício
Eu vivo de estar desinibido
É como ter que viver após o solstício
Após o fim derradeiro do precipício
Na pior das desesperanças eu retifico
Quando os dias são escuros;
poucos são os amigos
E por isso me mortifico
Sigo eternamente insone e incansável a titubear
Sinto tremer minhas carnes, um pleno mal estar
De uma sobriedade prolongada que é um auspício
De tanto olhar e mitigar o precipício
O abismo agora é comigo
Carrego ele em meu olhar
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